O homem que diz "dou" nao da...

Hoje mais uma pessoa do trabalho descobriu meu passado juridico... E mais uma vez tive que discursar sobre a troca de carreiras e explicar que dinheiro nao eh tudo na vida etc e tal. Me dei conta de como estou afiada e boa nesse discurso, alem de concluir o que Pessoa concluiu ha algum tempo: "navegar e preciso, viver nao e preciso"...

Eu adoro dinheiro. Vivo no templo do consumo. Sonho diariamente com aquele loubotin basico e outras luluzisses... Mas viver sem isso nao me faz mal, pelo contrario, me faz bem. Me impulssiona a criatividade, a encontrar felicidade em coisas pequenas, a evoluir com o coracao.

Por outro lado, nao me contento com qualquer desculpinha frouxa, com meias performances, com corpo-mole e acabo levando tudo que faco tao a serio, que as pessoas ao meu redor imaginam que estou morrendo de fome, por causa do meu esforco... Esquisito neh? E a paixao? E a curiosidade? Nao entram ness a formula?

Uma coisa eh inegavel eu nao ganho como advogada, ou como professor universitario, ou como dona do meu proprio negocio. Mas eu faco o que eu amo: sou paga para proporcionar aos outros uma experiencia memoravel, criar alegria.

E assim eu discursei, enquanto minha colega me olhava, meio irresignada, talvez pensando "que desperdicio"...

Foi quando ela abriu a sala-deposito onde estao os brindes para a impressa presente no hotel pra abertura do Harry Potter, e eu peguei um dos sapos de chocolate que deveria ter sido entregue a um dos VIPs e disse: "hoje, esse eh o meu maior problema".

Ela sorriu. E entendeu.