sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O nome dos culpados


Eu sempre disse que a maior alegria de viajar com adolescentes e/ou famílias para Disney é ver a cara deles entrando pela primeira vez no Magic Kingdom... É impágavel. Os adolescentes, boas maritacas que são, fazem festa, barulho, se agrupam e deixam um rastro onde passam. Até encontrarem seu momento sabiá, de cantar silenciosamente contemplando aquela magia que os pequeninos (e alguns seniores, conforme já testemunhei) entendem na primeira olhada.

Sempre gostei desse "trabalho" e o exerci com grande alegria durante alguns anos, nas minhas férias. Assim como outros colegas, fomos treinados, com bastante detalhamento, lidamos com vários tipos de situação - das mais engraçadas as mais bizarras, e foi o tempo em que recebi os abraços mais "pesados" da minha vida: o dos pais, na despedida no aeroporto. Eu viajava com 2 toneladas a mais, e como não tenho filhos, não posso imaginar como é difícil pro pai e pra mãe que, querendo realizar um sonho do filho, o deixa na mão de completos estranhos.

Tenho acompanhado as notícias sobre a morte da Jacqueline com grande apreensão pois já imagino para quem vai ficar a conta desta tragédia... e tudo bem que talvez a guia, a agência, o hospital e até a companhia aérea poderiam ter agido de forma diferente. Mas e o resto dos personagens desta história? Fizeram tudo como deveriam?

Por exemplo: meninas de 15 anos falam. E as vezes falam, não o que realmente estão pensando ou sentindo, mas o que elas acham que devem falar. Tenho muitos pensamentos suspeitos a respeito das amigas de Jacqueline que, agora, estão falando pelos cotovelos que tudo foi feito errado, que tudo foi uma droga, que tudo poderia ser evitado... não entendo como deixaram a amiga que tanto amam, sofrer tudo o que elas agora dizem que Jacqueline sofreu.

Tenho minhas dúvidas também com relação a própria Jacqueline que foi internada e não disse nada aos pais. Que estava se sentido mal o tempo todo e saía para todos os parques... será que esta atitude não levou a todo mundo entender que ela estava bem? Até onde sei, nenhuma agência arrasta forçado para parque quem está se sentindo mal. Fora as razões óbvias, também por uma razão de logistíca: isso atrasa o grupo. Desculpe a frieza, mas é verdade. Disney em julho é tough business, e tudo é cronometrado, em tempo certo...

E os pais? Filhos não viajam sem autorização expressa dos pais que passam, naquele período, a tomada de decisão no que diz respeito a seus filhos a outros maiores de idade.

Enfim, para mim, isso foi uma trágica fatalidade. Uma sequência de pequenos erros que levou a uma terrível morte. É uma jovem chama que se apaga. E por mais que seja difícil entender, as vezes a única culpada é a brisa leve que passou...

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